domingo, 30 de novembro de 2008

Erro de Digitação

Webcam ligada.

"E aí, delicinha, o que você quer que eu faça agora, hein?"

"Pega sua mãe e coloca no seu pai..."

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Calvin:

"A vida fica bem mais fácil se você mantiver as expectativas de todo mundo baixas."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

efeito bumerangue

Estabelecimento precário, funcionários insatisfeitos. Medo da gerência? É fácil, comece a trabalhar de forma ignóbil, errando, atrasando os pedidos, fofocando, fazendo muita merda. Demissão? Se os funcionários estiverem INSATISFEITOS como você, talvez o péssimo nível de funcionamento do estabelecimento distribua um pouco do desespero e da raiva personalizada dos patrões. Não se pode vencer um chefe sozinho? bata a colher na mesa, é revolucionário. Instituição precária, funcionários insatisfeitos. Mesma lógica. Omissão, deleixo. Instituição decadente até a falência. E a força do patrão? Não existe sem a força dos subordinados. Cidade decadente, cidadania precária. Não há coragem pra vencer os glutões? Não esquente a comida deles. País corrupto, classe média oprimida. Não pague IPTU e condomínio. Lei da conservação da energia. Pra provocar um fominha, basta não comer nada. A apatia tem muito mais força do que supõe a nossa vã filosofia.

sábado, 15 de novembro de 2008

Nada de Pânico

“Srs. Condôminos, gostaríamos de informar que nesta segunda-feira, dia 13, profissionais da área de segurança farão a manutenção no sistema de alarme de incêndio do prédio. Ele será disparado algumas vezes entre as 14 e as 15hs, mas pedimos que, por favor, desconsiderem. Agradecemos desde já a compreensão de todos.”

E a fagulha, desavisada, foi cair no carpete justo às 14h47.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Corpo Estranho

Tentaram de todas as formas exterminar o corpo estranho. Passaram álcool. Jogaram desinfetante. Cutucaram. Deram chutes, cabeçadas, pisões com toda força. Rasparam com gilete. Lixaram com uma lima. Tentaram esmagar com uma marreta. Deixaram cair uma bigorna do décimo andar. Fizeram furos em toda sua superfície. Atiraram pedras, tijolos. Deram machadadas. Defumaram. Desidrataram. Derramaram ácido sulfúrico. Atropelaram. Passaram por cima, deram ré, passaram de novo. Com um rolo compressor. Contrataram atiradores de elite. Soltaram cães hidrofóbicos em sua direção. Injetaram vírus. Dispararam lasers. Tacaram gasolina e, em seguida, fogo. Arrumaram um lança-chamas. Incineraram tudo a sua volta. Usaram dinamite. Explodiram uma bomba. De Napalm. Em vão. Frustrados, desistiram. O corpo estranho continuou lá. E pensar que ninguém teve a bendita idéia de simplesmente resgatá-lo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Faxina

Despertou com o som da campainha. Recolheu os papéis, todos espalhados pela mesa. Depois, com um esfregão e um balde d`água, começou a retirar as manchas de sangue do chão acarpetado. Como não tinha sabão, precisou fazer muita força. Em seguida, juntou o vestido – também ensangüentado -, a meia-calça, os sapatos e a roupa de cama. Pôde sentir o cheiro de cânfora enquanto levava a trouxa em direção à máquina de lavar. Por último, empilhou os livros de anatomia e, quase tropeçando, os atirou de qualquer maneira dentro do armário. Pronto. A faxineira podia entrar. Já estava tudo arrumado.

Ironias saborosas desse momento histórico

Essa foto eu tirei de dentro do ônibus, vindo pro trabalho. Era um caminhão de BATATAS FRITAS.




E logo abaixo estava escrito: PRODUTO PERECÍVEL.

Ironia é "batata".

sábado, 8 de novembro de 2008

Obs

"Você é uma pessoa muito observadora."
"Pelo visto, você também."

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Desperdício

Depois de acender, com um fósforo, o cigarro prontamente cedido pelo dono do bar, avistou um cinzeiro do outro lado daquele amontoado de mesas acopladas. Antes de pedir a um dos muitos amigos presentes que o passasse, pensou: “por que não?” Arremessou o fósforo apagado com a confiança de um predestinado. Quando o palito, depois de viajar pelos ares, aterrissou em cheio naquele amontoado de cinza alheia, um sorrisinho lhe escapou pela boca. Passou os olhos por todo o circuito da mesa - que, na verdade, eram várias -, buscando alguma admiração pela sua façanha. Mas seus companheiros não enxergavam nada, além de viagens, mulheres e futebol.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

categórico

"Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?"

Paul Valéry

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A Parte Branca do Olho

O hábito surgiu naturalmente, sem maiores explicações. Foi a professora da primeira série quem avisou à mãe. “Se eu fosse a senhora, o levaria ao psicólogo. Provavelmente é problema de timidez”. A criança olhava tudo de relance. De canto, de quina, pelas brechas do olho. Eram raras as situações em que encarava alguém, mesmo quando tal pessoa se dirigia diretamente a ele. Toda bronca que levava era acompanhada de um clima de incerteza. Alguns achavam o gesto desrespeitoso, uma afronta. Outros, uma atitude desleixada, de pouco caso. E outros, ainda, um ato covarde que poderia, no futuro, significar uma personalidade vacilante. O fato é que o menino não era um autista. Ele ouvia, entendia, até reparava – mas só com a parte branca do olho.


Quando o psicólogo perguntou porque ele o olhava daquela maneira, o menino respondeu com uma segurança nada típica de quem possui tal hábito.


“Eu olho assim porque eu gosto de jogar.”


“É? E como funciona esse jogo?”


“Eu fico só esperando. Quem eu pegar me olhando perde.”