Hoje pela manhã, durante a minha caminhada diária, comecei a pensar sobre a vida. Coisa mais natural, ainda mais quando você caminha sozinho.
E notei, para a minha alegria, que nunca fui tão escroto com a minha idade quanto agora. Já passei dos trinta há 8 anos e o amadurecimento físico me deixou dois kilos mais fofucho, e ranzinzinha também.
Hoje, eu consigo conviver com minha arrogância, é uma conquista.
A minha percepção da vida sempre foi niilista e materialista, sou um apaixonado por comprar coisas que não quero, com um dinheiro que não tenho, para mostrar pra pessoas que não gosto, uma pessoa que não sou.
E a úlcera foi o que mais me acompanhou. Hoje, eu quero ganhar mais. Quero prospectar clientes, abrir a pasta de jobs, investir sobretudo no "índice-eu"
Quero ganhar uma vida nova, mesmo que seja um filme pornô, filmada de um ângulo que não apareça meu ouriço.
A minha voz continua deixando as minhas amigas felizes. Até pensei em abrir um tele-sexo, mas me falta tempo para falar ao telefone, estou sempre na ponte aérea, fingindo que o mundo precisa das minhas idéias mediocrizantes.
Meu corpo ficou melhor. Fui muito magro, quando jovem, hoje tenho um físico quase atlético. Graças ao CENTRUM.
Tenho uma disposição adolescente, só que com muito mais responsabilidade. O meu amigo “Logan” continua me acompanhando, continua com os seus 12 anos e calado. Me deixando falar as minhas confidências nos finais de tarde. Logan, para quem não sabe, é o nome de um Whisky.
Continuo cozinhando para os amigos e inventando drinks que deixam as mulheres felizes. Continuo gostando de todo tipo de música e respeitando todo tipo de religião. Mas ainda me pego fascinado por mulheres de vestido e cabelos longos. Eu realmente fico me perguntando o que a terceira frase desse parágrafo tinha a ver com as duas primeiras.
Continuo comprando carros pelo design e sapatos pelo conforto. Interessante.
A minha paixão por arte está tão grande quanto a de ver mulheres de lingerie preta. Sou daqueles que entra num museu e fica prestando atenção nas pessoas para ver se elas estão prestando atenção no meu interesse. Na verdade, não gosto muito de arte.
Termino a minha caminhada, suado e exausto.
Entro no meu prédio, com aquele sorriso no rosto e uma convicção: quer saber? Vão se fuder vocês todos.
