terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Como fazia um tal de Hemingway

Gosto de começar cedo, antes que as pessoas e os acontecimentos me tirem do foco, e começo por reler e editar tudo o que escrevi até então. Desse modo, percorro o livro que estou escrevendo várias centenas de vezes. Então, prossigo, sem enrolação, amassando papéis, num ritmo cadenciado, pois sempre paro em um ponto em que sei precisamente o que acontecerá na seqüência. Portanto, não tenho a necessidade de acelerar o ritmo, diariamente. A maioria dos escritores descarta a parte mais difícil do trabalho: editar o texto, refinando-o mais e mais, até que ele adquira uma lâmina como a do estoque de um toureiro, a espada matadora. Certa vez, meu filho Patrick me trouxe uma história e pediu que eu a editasse para ele. Eu a li com cuidado e alterei uma palavra. “Mas, papai”, disse Mousy, “você mudou apenas uma palavra.” Respondi: “Se é a palavra certa, isso significa muita coisa”.

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